7 Pecados literários: os hábitos repelentes de leitor
Por vezes lemos textos de nossa autoria que considerávamos dignos de best-seller e de repente notamos que são a definição de fiasco. Isso acontece porque amadurecemos nossas capacidades de leitura e escrita todos os dias, lendo jornais, revistas, livros, artigos e outros textos. Estamos cercados de informação por todos os lados, e isto se torna uma porta de entrada para a evolução: escrever é uma constante luta e aprendizado, e quanto mais se lê, mais se aprende – e se corrige também.
No entanto, muitas vezes os nossos erros estão tão enraizados no nosso dia a dia que acabamos passando batido por eles. Levando isso em conta, o Dossiê Literário reuniu os oito hábitos repelentes de leitores, trazidos diretamente de enquetes longas nos dois maiores grupos do Facebook do Wattpad e do NYAH! Fanfiction. Veja o que mais desagrada os leitores – e como você pode consertar:
1º Pecado: Gramática e Ortografia
Vamos lá, esse é óbvio, mas está em primeiríssimo lugar na lista. Ninguém nasce sabendo escrever com perfeição e erros ocorrem, mas é muito comum vermos erros básicos em muitas plataformas de auto publicação.
Erros crassos como “agente” em vez de “a gente”, “mais” ou “mas”, “menas alta", “meia triste”, “encima”, “perca de tempo” e outros são imperdoáveis, mas existem erros muito mais discretos, como Mau e Mal, crases, sessão versus seção ou os quatro porquês. Explicaremos na próxima semana como lidar com estes, fiquem ligados!
Como consertar:
Existem diversas ferramentas além do corretor do celular que só mete a gente em encrenca. Até mesmo pesquisar no Google já é meio caminho andado para saber se está escrevendo certo. Procure por artigos de erros mais comuns em redações e veja as explicações: muitos deles criam regrinhas para que você se lembre de qual é a maneira correta. Dica: o Libre Office Writer é uma ferramenta 100% gratuita que faz correções não só ortográficas, mas de vícios de linguagem e gerundismos, por exemplo.
2º Pecado: Enredo
Imagine a cena: O protagonista deixa a namorada dormindo em casa e sai para o escritório, onde ambos trabalham. Quando ele chega, a namorada já está trabalhando. O que é isso? A menos que seja ficção científica, é um buraco no enredo.
Nada mais frustrante do que estar lendo uma obra e perceber que um personagem sumiu, um ato passou despercebido ou algo aconteceu sem pé nem cabeça. O enredo, tanto no macro como na visão mais estreita, deve ser construído e planejado com cautela, para evitar ao máximo estes erros.
Como consertar:
Aqui não tem jeito: revisão, revisão e revisão. Também é legal estruturar suas ideias antes de começar a escrever, para que você consiga enxergar como cada personagem deverá trilhar seu caminho na história para que o final seja condizente.
3º Pecado: Falta de Pesquisa
Essa vale principalmente para os escritores que narram suas histórias em outras cidades ou países. Sua personagem acorda e está nevando, mas ela mora em São Paulo. Daí ela tira férias e compra pães de queijo em qualquer esquina, mas está em Nova Iorque. De repente, ela anda uma hora de avião e está na Califórnia. Alguma coisa está errada, certo? Aqui são exemplos que, apesar de reais, são bem exagerados, mas é muito comum encontrar inconsistências, especialmente geográficas.
Como consertar:
O próprio título já diz: pesquise! Se está escrevendo uma história de colegiais na Irlanda, procure saber mais sobre os meses de aulas, férias e breaks. Se sua história se passa em uma lanchonete americana, saiba costumes e rotinas desses lugares. Sites como Google (Maps, Flights, tudo mesmo), ClimaTempo e Wikipedia serão seus melhores amigos. Se seu personagem tem uma doença ou um problema psicológico, pesquise muito bem sua condição. O mesmo vale para empregos, desde CEO até faxineiro.
4º Pecado: Construção de Personagens e Ações
Uma virgem tímida que em sua primeira noite vira uma deusa do sexo, ou o CEO frio que não ama ninguém se apaixona perdidamente depois de ver a atrapalhada secretária. Não estamos falando de cliché, mas de uma falha terrível na construção dos personagens. Como já dizia a Rainha Elsa de Arandelle: você não pode se casar com alguém que acabou de conhecer! Ainda, temos os célebres memes da garota feia e excluída cujo avatar é a Megan Fox, ou a garota tímida, malvada e roqueira que sorri e fica corada com o crush. Pessoal, coerência!
Como consertar:
Levando em conta a construção psicológica e comportamental dos personagens, o ideal é que ele seja o mais real possível! Ponha-se na sua realidade: mesmo que sua história seja sobre adolescentes mutantes em um planeta alternativo ou médicos em um hospital americano (Hello, Shondaland!), lembre-se de que são todos seres humanos, passíveis de mancadas, erros, problemas e TPMs. É claro que é ótimo ler um final feliz e utópico, mas cuidado para não forçar a barra!
5º Pecado: Pontuação
Tópico difícil porque quem vos escreve tem um T.O.C. violento no que diz respeito à pontuação. Frases muito compridas, erros na hora de separar as frases e espaços desnecessários fazem o seu texto não só ficar difícil de ler, mas também o deixam esteticamente incômodo.
Como consertar:
Sabe aquele livro de português lá no comecinho da escola? Dá uma revisada nos conceitos básicos! Se você não tiver, o Google ou sites como Brasil Escola ou Tudo Sobre Redação estão lá para te ajudar. Algumas dicas rápidas sobre pontuação:
Não utilize underline (_) ou hífen (–) no lugar de travessão (—);
Atente-se aos espaços: nunca coloque espaço antes do sinal de pontuação;
Nunca separe predicado de sujeito e objeto de verbo;
Sempre coloque vírgula antes da palavra “mas”;
Depois de dois pontos (:), sempre utilize caixa baixa (letra minúscula);
6º Pecado: Foco Narrativo
O foco narrativo se define pela perspectiva por meio da qual esse narrador opta para relatar os acontecimentos inerentes ao enredo, ou seja, primeira ou terceira pessoa. Até aí sem problemas, mas o problema é quando o autor utiliza os dois sem critério, trocando de um para o outro na história várias vezes, ou até no mesmo capítulo.
Como consertar:
Decida qual dos focos você usará. Se for em primeira pessoa, mantenha-o até o fim. No caso de narrador em terceira, decida se ele será observador ou onisciente (que vê e sabe de tudo, incluindo pensamentos). É possível utilizar os dois em um mesmo livro, mas deve ser feito com muita parcimônia. Utilizar a primeira pessoa em um depoimento, ou a terceira pessoa como se o próprio personagem estivesse contando já ajuda.
7º Pecado: Cliché
Ah, o cliché! Em primeiro lugar, entenda que o cliché problemático em si não é o roteiro, mas como a história é conduzida. Final feliz, casal oposto que se apaixona, mocinha rica e mocinho pobre, CEO e Secretária, Vizinhos e Meios-Irmãos são clichês batidos e cansativos, mas não necessariamente geram uma história ruim.
Como consertar:
Para começar, lembre-se que escrever se baseia em criatividade. Se você está determinado a escrever uma história que se passa em um orfanato e o garoto popular se apaixona pela nerd, crie situações, contextos e conflitos diferentes! Surpreenda o leitor que está esperando uma garota popular e gostosona humilhar a nerd e engravidar do popular. Por que não um ataque terrorista, um incêndio ou algo que faça ambos ficarem juntos à força? Use o cliché a seu favor!
E aí, as dicas ajudaram? Quantos desses errinhos você comete?
Espero as dicas tenham sido úteis!
E você? O que te faz jogar um livro longe? Conta pra gente! Aproveita e curte a Página no Facebook e nos siga no Instagram para acompanhar as novidades!
Beijos,
Ná
